segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Geisy na folia

Por Fernando de Barros Silva - Folha de S. Paulo - Opinião - 15/02/2010

SÃO PAULO - Com a palavra, o apresentador do "Fantástico": "A polêmica acabou em samba. Lembra da Geisy, aquela do vestidinho rosa que provocou um rebuliço numa universidade em São Paulo? Ela está de volta, modificada, revista e ampliada". Assim começava a reportagem do dominical da Globo sobre a lipoescultura a que se submeteu a estudante Geisy Arruda. Tratava-se de mostrar em primeira mão o "novo visual" que a musa acidental da Uniban iria exibir durante os festejos momescos.

"Samba, vestidinho rosa, rebuliço" -as expressões engraçadinhas do locutor dão o tom acafajestado do suflê destinado a entreter os lares no final do domingão.

Uma das coisas que mais chamam a atenção no caso Geisy é a conversão do trauma em oportunidade, da humilhação em dinheiro, da selvageria em diversão de massa. A passagem entre uma coisa e outra se deu de maneira instantânea, sem que houvesse tempo para a elaboração do luto ou preocupação em refletir sobre o que aconteceu.

Depois de dizer que cinco litros de gordura foram pelo ralo, que "a barriga virou bumbum" e que Geisy ganhou quase meio litro de silicone em cada peito, o repórter pergunta: "Será que uma lourona dessas passa despercebida nas ruas?

"Vemos então miss Uniban desfilar pelos bares, entre marmanjos ouriçados a emitir sons de aprovação e correr para clicar a "nova Geisy" com os celulares. A cena lembra a turba em fúria nos corredores da universidade.

Aquilo que a escola prometia como perspectiva remota (uma vida melhor com o canudo na mão), Geisy alcançou num estalo, não pelo que aprendeu, mas como vítima da estupidez e da atrocidade do ambiente de ensino que frequentava.

Talvez ainda exista a tentação de criticar o deslumbramento da garota com sua fama descartável. Mas por quê? Ela não é mais vulgar do que as apelações da mídia a seu respeito. Ela não é mais frívola do que o jornalismo de celebridades e seus espectadores.
Prezados, vejam a reportagem completa e dêem a sua própria opinião.

19 comentários:

  1. E mais uma vez, a notícia vira espetáculo de circo! E pra não perder o costume, nosso Ibope consagrou mais uma mera mortal com seus 15 minutos de fama (como se não bastassem Paris Hilton e adjacentes). Irônico como a seleção das coisas tem mudado de uns tempos pra cá. Que talento que nada! A receita para chegar lá é uma plástica ali, um silicone aqui, um megahair no cabelo, e uns segundos na TV. Pronto, nem mesmo um passe de mágica seria tão eficiente. É no expresso da fama que a sociedade embarca e como cantam os titãs: “Não importa contradição o que importa é televisão dizem que não há nada que você não se acostume cala a boca e aumenta o volume então”.

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  2. Teve um dia que a Miss Uniban estava em dois canais ao mesmo tempo (Rede TV e Band),durante os programas da tarde.As matérias destacavam toda a sua preparação para a passarela do samba.Pra que? Não tem ninguém mais interessante que mereça importância, pesquisadores de universidades, projetos sociais, documentários ou qualquer outra atração que pelo acrescente alguma informação em nossas vidas. E pra quem não sabe, a GeiSy não suportou o calor e saiu do seu carro alegórico no meio do desfile.Deve ser a falta dos 5 litros gordura ... desidratou?
    http://g1.globo.com/Carnaval2010/0,,MUL1492348-17812,00.html

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  3. Mais uma vedete plastificada virando âncora de ibope na TV.

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  4. Thiago Campos

    A TV sensacionalista tem a necessidade de fazer render ao máximo qualquer assunto, por mais pífio que ele seja.

    A garota injustiçada na faculdade, que ficou amiga do cabelereiro famoso (que curiosamente aparece sempre em programas da Rede TV), que ganhou cirurgia plástica das clientes desse cabelereiro, que vai desfilar em escola de samba, etc.

    Isso tudo não é pra ajudar a "pobre" garota, mas sim unicamente para render um assunto o máximo de tempo possível, enquanto não aparece outra "BOMBA" para se fazer esquecer a "coitadinha" da Geisy.

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  5. Bom, hoje em dia isso se tornou normal, a tragédia acaba por alavancar a "carreira" de pessoas que não acrescentam nada na vida de ninguém e ainda assim viram "celebridades".
    O que vale destacar é qual é o interesse das emissoras em transmistir tais informações. Ok, o interesse maior é o ibope, mas será que não há nada mais importante, nada que realmente interesse à população, que realmente acrescente algo ou ajude a alguem? E mais,se houvesse, isso daria tanto ibope quanto essas coisas inuteis?

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  6. MARCO AURÉLIO RIBEIRO DE JESUS19 de fevereiro de 2010 às 13:39

    A cabeça não chama a atenção do espectador. Quanto a vinheta, é sugestiva com o tema abordado. O povo fala foi utilizado sem relevância para a matéria, e a soora possui uma grande falha, o entrevistado não fica bem diante da camera. Uma revista semanal, como Fantástico, tem bastante tempo para realizar as matérias, pelo menos possuem mais tempo do que os telejornais, portanto, o profissional escolhido poderia ser qualquer um que se enquadrasse na matéria - vale a penar frisar que não seria necessário entrevistar o próprio médico da Geysa. A matéria possui algumas passagens tradicionais...

    Quanto a Geysa, prefiro não comentar, o povo tem o que merece e deseja ter...

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  7. O caso Geisy me fez lembrar um quadro jornalistico da TV Bandeirantes chamado 'Proteste ja' do programa CQC, no qual o reporter Rafinha Bastos aborda um tema a fim de tentar buscar uma solucao para resolver o problema. O preconceito da faculdade poderia ter sido abordado pelos veiculos de maneira a questionar o posicionamento da universidade para com a aluna, de inicio feito,porem nao mais aprofundado. A sociedade acostumada com Realty shows onde anonimos viram celebridades independente de suas acoes, Geisy pegou carona na febre das 'celebridades relampago' e mesmo ridicularizada e esteriotipada como vulgar, ficou conhecida e ate no carnaval desfilou. Essa fama repentina da Geisy e a abordagem da midia nao me assustaram, haja visto que estamos acostumados com escandalos, impunidade e memoria fraca da populacao. A 'Coitadinha da Geisy' devera aproveitar sua fama ate que outra Geisy apareca ou outro escandalo caia na boca do povo.

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  8. Não considero Geisy vítima da estupidez e da atrocidade da Uniban. Em um primeiro momento ela desfilou de vestidinho vermelho curto nos corredores da Universidade. Quem se veste assim para ir a aula quer passar despercebido?
    Em um segundo momento, a mesma Geisy desfila siliconada, lipoaspirada, louríssima e de megahair(sob o patrocínio de anunciantes interessados em sua fama fugaz) para outro tipo de público. Nos dois momentos, Geisy foi dona de seu destino ao conduzir seus atos.
    Podemos vestir o que quisermos, em qualquer lugar, e desfilarmos (repaginados ou não) para quem desejarmos. Só não vale pousarmos de vítima do sistema depois, né? No caso em questão, a própria Geisy prova que isso não cola.

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  9. O acontecimento primário (na Uniban) conseguiu atingir o objetivo: gerar questionamento e divergência de opinião. Quanto ao caso proposto, a polêmica sempre vai existir, afinal, valores e pensamentos são únicos, mas sempre baseados em experiências (ou doutrina) pessoais.

    Tudo que aparece na mídia retém alguma coisa, cabe a pessoa saber lidar com isso. A Geyse foi uma que soube tirar proveito da situação, se foi passando por cima de seus valores para ter regalias, pouco se sabe.

    Quanto a disposição em matérias relacionadas a estudante, não vejo nada de anormal dentro dos parâmetros culturais e preferênciais de audiência. A vida interessa ao público, tanto que existe o tal BBB e o paparazzo... Quem quer consome, quem não quer, deixa passar, é muito simples.

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  10. Apesar de esdrúxula e vazia a matéria, acho que o tema "Episódio Geisy Arruda" pode ser considerado pauta para o jornalismo por conta de seu ineditismo. Nunca antes na história deste país uma estudante fora tão agredida moralmente e logo virou celebridade na internet, pelo menos não que se tenha notícia.

    Discordo do grande foco dado ao fato pela imprensa, seja por colunistas sociais, seja por conceituados programas de TV. As empresas de comunicação, no entanto, são de fato empresas, e por isso precisam lucrar. Como lucram? Com publicidade. O que atrai anunciantes? Audiência. O que gera audiência? O apelo das massas. Acho que seguindo essa lógica conseguimos explicar o "fenômeno Geisy Arruda", mas não justificá-lo a contento.

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  11. Há algum tempo comentei em meu Twitter que a imprensa estava sedenta de algum fato trágico e sangrento. Ela vive disso e sabe que depois de um fato ser exaustamente abordado,ele perde a graça. O povo então se anima com outro assunto,outra polêmica, que ficará por dias, ou até meses, nas rodas de conversa. O episódio da Geisy ganhou tais dimensões por causa do youtube, dos celulares sempre apostos e da necessidade da imprensa em arrumar outro foco, outra super manchete para atrair seu público, carente de sensacionalsimo.A cultura do brasileiro é essa.

    A questão não é o preconceito numa instituição acadêmica, não é o vestido curtinho, não é a coitadinha da menina que só foi pra aula com o que costuma vestir. Assim como existem várias "Isabellas Nardoni", várias "Eloás", existem também várias "Geisys Arruda", casos que exemplificam fatos que acontecem a todo tempo, em todos os cantos do Brasil e do mundo e que são usados para reavivar o interesse do expectador.

    Lógico que a mocinha, que não é boba nada, deixaria ser usada e usaria disso para aparecer na caixinha mágica chamada televisão, virar notícia, mudar o visual e de quebra ainda ganhar uma graninha numa revista "sensual".

    Ao povo, Pão e Circo!

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  12. Ao que parece, alguns meios estão em decadência de informação. Não discriminando o caso da Geisy, no entanto a vários acontecimentos mais importantes e construtivos para o telespectador e ouvinte. O aparecimento de Geisy foi proposital e lucrativo para ela, afinal vestir um vestidinho curto ir pra faculdade, causar reboliço e depois de tudo isso aparecer na Rede TV, SBT e etc, ganhar megahair e fazer uma lipo, e colocar silicone, não me aparenta ser nenhum GRANDE sacrifício.
    Apenas uma maneira rápida e digamos maliciosa de se fazer sucesso.
    Os interesses dos jornais estão mudando, claro afim de lucros.Será que o público está querendo se divertir um pouco com tanta "besteira"?
    Bom, dá umas risadas não faz mal a ninguém depois de um longo e cansativo dia de trabalho não é?!

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  13. Se está repercussão era o propósito da estudante Geisy eu não sei, mas a mídia propagou a fama dessa garota. Agora tudo que se faz em torno dela é visível que ela só quer aparecer, se este não era o objetivo dela agora se tornou.Enquanto outras noticias mais importantes circulam no ar, ainda existem repórteres que se preocupam em mostrar a nova escutura humana que a garota se tornou,ao invés de levar a massa informações que acrescente sabedoria as pessoas!

    Andressa dos Santos Silva

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  14. O caso da garota causou polêmica e polêmicas despertam o interesse do público. A mídia se aproveitou disso para criar uma personagem, transformando o que, a principio, seria um constrangimento da garota em um grande espetáculo. A Geyse entrou na onda das celebridades instantâneas. A mídia se aproveitou dessa situação para estender um assunto e apreender a atenção da audiência.

    A discussão das agressões sofridas pela garota, da vulgaridade ou não de seu vestido, ficou para trás. Agora o foco desse assunto será qualquer coisa que a garota fizer. A mídia tem necessidade de criar vários espetáculos para manter a audiência. A notícia se transforma em um grande circo. A fama da moça irá durar até aparecer outro episodio para ser transformado em espetáculo.

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  15. O caso Geisy, só diferencia dos escândalos políticos em uma coisa, o dinheiro dela não é escondido na roupa, pois são curtas demais para tal proeza. No mais é a mesma coisa que vemos e vivemos a anos no Brasil. Um político alucinado com o poder promove um escândalo, ganha repercussão, é amando e odiado pelo povo. No fim ele ganha mais dinheiro com a situação e termina em pizza ou samba. Não me admira que ela fosse musa do carnaval, pois no Brasil nessa época, vivemos a orgia sexual, e ninguém melhor do que ela pra representar essa orgia. Espero que ela saiba juntar dinheiro pra um futuro MUITO próximo, onde o seu maior investimento será um analista.

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  16. Espero que o caso relacionado a Geisy seja exemplo para as estudantes, aquelas que não se valorizam. Um curso universitário é muito importante para a vida das pessoas e para o progresso do país.Temos que respeitar o ambiente cultural acadêmico.
    As mulheres universitárias devem honrar a dignidade humana. É grande o número das que brilham nos estudos, se esforçam para vencer e são merecedoras de aplausos.
    A comunicação da imprensa foi de nível ruim e a exposição das pessoas humanas terrível.

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  17. A notícia que gera ibope, a discursão do momento. É um exemplo de polêmico em que a mídia faz a celebridade, transformando um fato que o início parece ser constrangedor, em historia dos proximos capítulos. Até quando as noticias e os fatos vão ser forçados ao lucrativo? Grande exemplo para nós futuros jornalistas.

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  18. É claro que tudo que gera intriga, preconceito e uma dita injustiça vira especulação da mídia. Idas a programas de televisão, inclusive àqueles que supervalorizam a imagem física da mulher são alvos fáceis de aproveitar celebridades instantâneas e deixar queimar o estopim durante algum tempo. Muitos dão tanto valor a notícias ridículas como essas e se esquecem de outras mais relevantes como por exemplo assassinos que foram libertados antes do tempo de sua sentença acabar (como foi no caso do assassino do menino João Hélio) ou até mesmo notícias sobre a copa deste ano e também das eleições presidenciais. Tem gente que se preocupa com cada coisa frívola e se esquece do que é importante.

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  19. O que antes era tratado como uma falta de respeito a integridade da moça, hoje eles esqueceram de todo o sensacionalismo. A moça anda até sambando, fazendo plásticas entre outras coisas.

    O que muitos comentaram e de fato é verdade, o senso comum gosta de polêmicas, e enquanto isso estiver passando em nossas telas, será visto.
    O fato dela ter se tornado uma 'celebridade', já era de se esperar. O que difere dos últimos assuntos é que ao invés de pizza se fez samba.

    Ana Paula de Paiva

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