terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A emoção útil e a charge infeliz

Charge de Caruso

Charge de Latuff
Por Sylvia Debossan Moretzsohn - Observatório da Imprensa - 29/01/2013 - Edição 731

"A vida muda rápido. A vida muda num instante. Você senta para jantar e a vida que você conhecia acaba de repente.”
É assim que a escritora americana Joan Didion abre O ano do pensamento mágico, livro no qual relata e reflete sobre suas emoções diante da morte súbita do marido, numa véspera de Ano Novo, logo depois de chegarem em casa, de volta de uma visita à filha única, recém-internada, e que morreria também algum tempo depois. Quando o livro foi lançado no Brasil, em 2006, a escritora deu entrevista ao Globo em que reiterava o seu aprendizado com aquela dupla perda: “Eu perdi a ideia de que é possível controlar as coisas”.

Nas horas imediatamente seguintes ao incêndio que vitimou centenas de jovens numa boate em Santa Maria (RS), choveram explicações para o que poderia ter evitado a tragédia: se a banda não tivesse utilizado efeitos pirotécnicos, se a casa tivesse revestimento acústico não inflamável, se os extintores funcionassem, se houvesse saídas de emergência, se os seguranças tivessem liberado logo a porta, se houvesse ali um bombeiro civil, se houvesse fiscalização adequada... sem contar outros conselhos tolos supostamente resultantes da lição daquela madrugada: os clientes devem verificar as condições de segurança dos locais que frequentam, como se isto fosse possível, e como se esta não fosse uma óbvia responsabilidade do Estado.

Do lado dos sobreviventes, a culpa típica de quem não entende como nem por que escapou: como conseguiram sair e tantos outros ficaram?, como não voltaram para salvar amigos, parentes, namorados?, o que poderiam – deveriam? – ter feito para livrá-los da morte? Do lado dos pais, a culpa de sempre: pois os filhos sempre estariam vivos, felizes e saudáveis caso ouvissem seus conselhos.

Se a lista de fatores que concorreram para a tragédia é correta e contribui para a apuração das responsabilidades – embora, a rigor, não haja fiscalização que impeça um comportamento inconsequente capaz de detonar uma catástrofe num ambiente fechado e lotado –, se evidentemente o que ocorreu não foi uma fatalidade – como pretendem os advogados dos donos da boate –, ainda assim a conclusão de Joan Didion poderia servir ao mesmo tempo de consolo e esclarecimento a quem viu a vida mudar num instante, assim de repente, imprevisivelmente: não é possível controlar as coisas.

A emoção mobilizadora
Mas para pensar assim é preciso já ter sofrido o desespero e a dor lancinante da perda, e ter sobrevivido a ela. Não só por isso, mas também por isso, a cobertura jornalística – especialmente a televisiva – de tragédias como essa não pode abrir mão de expor o sofrimento, e a questão sempre estará na definição do limite tênue entre o que é lícito ou não exibir: entre o que a dor pode informar e revelar e a sua exploração sensacionalista e desvirtuadora da capacidade de reflexão e mobilização. Entre o que nos comove e convoca a agir e o que simplesmente nos leva a chorar e a manifestar condolências.

Recorro aqui às indagações do repórter português Carlos Fino, que se tornou conhecido dos brasileiros quando trabalhava na RTP – Rádio e Televisão de Portugal – e cobriu a invasão americana ao Iraque, em 2003:
“Como é que se transmite o horror da guerra? Esta é uma de nossas contradições, não é? Brecht dizia:‘homem, olha bem nos olhos do outro homem e verás nele um irmão. As contradições que te consomem não são boas nem más, são a tua própria condição’. E assim vivemos, quer dizer, como é que damos o horror da guerra sem imediatamente sermos acusados de estarmos a comungar da sociedade do espetáculo e a explorar o sentimento alheio? Eu vou pôr a mão que eu vi decepada no mercado de Bagdá quando os americanos provocaram mais uma vítima colateral? Ponho a mão pra provocar desgosto e repulsa ou escondo essa imagem, não a edito, para não ferir os sentimentos das pessoas? Como é que se transmite isso? Eu não sei dar uma resposta precisa.”

Do mesmo jeito que não se pode cobrir uma guerra de maneira estritamente racional, apresentando-a na lógica do jogo de poder – “a continuação da política por outros meios”, na famosa definição de Clausewitz –, excluindo o sofrimento humano que esse jogo provoca, não é possível pensar na cobertura de uma tragédia como a de Santa Maria sem a exposição do drama vivido pelas pessoas.

Não se trata, é claro, da exibição da desgraça e da formulação de perguntas que provocam a voz embargada e o choro para o previsível close, ou do recurso de supressão do som ao fim dos telejornais que, de tão utilizado, já se tornou clichê – ainda mais se acompanhado da sucessão das fotos daqueles jovens sorridentes que já não existem mais. Trata-se de coisas como o depoimento da mãe de dois rapazes – um morto, outro em estado gravíssimo no hospital – ao programa Mais Você, de Ana Maria Braga,especialmenterevelador por pelo menos dois motivos: porque fala de uma mulher simples que gostava da apresentadora, colecionava suas receitas e pensava em um dia estar mesmo a conversar com ela, mas para falar de suas habilidades culinárias, e nunca naquela situação tão triste; e porque essa mulher simples usa esse espaço para esse grito de dor e revolta contra o absurdo que se abateu sobre ela e tantos outros, apresentando-se como uma porta-voz do sofrimento e do protesto coletivo.

Talvez esta seja uma forma de se explorar a única emoção útil, a da revolta, de acordo com o comentário de Luis Fernando Verissimo que encabeçava a página 3 do caderno “Metrópole” do Estado de S.Paulo de segunda-feira (28/1):
“Depois do choque, da incredulidade, da empatia emocionada com os que foram diretamente tocados pelas mais de 200 mortes da tragédia de Santa Maria, vem a revolta. Que no fim é a única emoção útil, a que tem – ou deveria ter – consequência. As outras são manifestações humanas de solidariedade. A revolta é dirigida a todas as causas evitáveis do horror. À imprudência, às falhas na fiscalização, à ganância. A revolta pede providências para que tragédias assim não se repitam. E pede responsabilização clara e exemplar dos culpados. Infelizmente, uma coisa que pouco se vê no Brasil.”

A charge fora de hora
Enquanto isso, no Globo o cartunista Chico Caruso publicava a sua charge de capa: a boate reduzida ao seu sentido etimológico original de “caixa”, uma arapuca gradeada como uma prisão lotada de pessoas desesperadas tentando inutilmente fugir dali, enquanto o fogo se alastra e a fumaça negra atravessa o teto. E a presidente Dilma, de blazer vermelho, levando as mãos à cabeça e gritando: “Santa Maria!”

Como de costume, o jornalista Ricardo Noblat reproduziu a charge no mesmo dia (28/1), em seu blog. No início da noite já colecionava mais de 200 comentários, quase todos furiosos, classificando-a de “lamentável”, “inoportuna”, “nojenta”, “lixo”, “imbecil”, “insensata”, “infeliz”, “aberração”, “oportunista”, “ridícula”, “desarrazoada”, “desproporcional”, obra de um “perfeito idiota”, e condenando o cartunista – e por extensão o colunista-blogueiro, pela divulgação – de fazer pouco da desgraça que comovia o país e de utilizar um momento de consternação para, mais uma vez, bater em Dilma e no PT.

Em resposta, Noblat repetiu algumas vezes este comentário:
“Os que criticam a charge do Chico Caruso perderam o bom senso, a se levar em conta a violência com que escrevem. O que a charge tem de chocante, de desrespeitosa com quem quer que seja? Dilma pôr as mãos na cabeça e dizer ‘Santa Maria’? Isso é um absurdo? Só enxerga nisso uma crítica à presidenta os fanáticos políticos de plantão. Aqueles que politizam tudo. Os que alugaram sua pena e sua mente a interesses partidários. Dilma não faz política quando grita ‘Virgem Maria’. Nem a charge sugere isso. Dilma revela seu desespero. Sua inconformidade. Que é nossa também. Ela não tem culpa alguma pelo que aconteceu. Foi solidária com todos os que sofrem. Esteve em Santa Maria. Sinceramente se comoveu com o que viu. O que tem mais na charge? A boate transformada numa prisão? As janelas gradeadas? As mãos crispadas dos que ali ficaram retidos clamando por ajuda? Mas não foi mesmo numa prisão em que a boate se transformou? Numa armadilha? Numa ratoeira? Perdão, mas vcs não sacaram nada, nadinha.”

Não há dúvida de que qualquer discurso comporta mais de uma interpretação, mas exatamente por isso o argumento de Noblat não se sustenta: porque a desqualificação de seus interlocutores ao final – “vcs não sacaram nada, nadinha” – supõe um sentido único e, a rigor, muito improvável, dada a sistemática postura do jornal contra o governo petista. E, também, por causa da identificação de toda contestação aos “fanáticos de plantão”, que “politizam tudo”.
Um chargista ocupa um espaço privilegiado para a crítica social e política bem – ou mal – humorada, para uma síntese que em geral nos faz rir de nós mesmos. Os comentadores indignados do blog do Noblat podem estar completamente enganados, mas é impossível desconsiderar os protestos contra a falta de sensibilidade nesse momento particularmente dramático da vida nacional.
***
[Sylvia Debossan Moretzsohn é jornalista, professora da Universidade Federal Fluminense, autora de Pensando contra os fatos. Jornalismo e cotidiano: do senso comum ao senso crítico (Editora Revan, 2007)]
Prezadas e Prezados, acabei por colocar a charge, que não estava no artigo principal, assim como outra para comparação. Dêem sua opinião sobre as questões levantadas pela articulista.

24 comentários:

  1. Gostei bastante do texto e confesso que me vi nas pessoas que criticaram a charge do Caruso, porque sem a análise da Sylvia pensei ter sido feita repleta de insensibilidade. Noblat me fez rever o sentimento quanto à charge. A charge de Lattuf nos chama como acadêmicos, à reflexão sobre a nossa coerência e sabedoria para entrevistar, seja qual for a situação.

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  2. É impossível não se revoltar com a charge de Caruso, já que a mesma foi publicada no "calor" dos acontecimentos. Mas lendo sua explicação, consegui entender o que ele queria. Ja a charge de Lattuf é basicamente o que acontece nestes casos.

    O que aconteceu em Santa Maria foi lastimável. E o dia, um domingo, dia em que as TV'S abertas não têm uma grande equipe para cobertura de casos assim, fez com que programas de entretenimento (Domingão do Fautão, Eliana e Domingo Legal) assumissem a postura de jornalísticos. Geralmente reclamamos, mas estamos sempre procurando mais depoimentos e histórias. Parece que temos a necessidade de chorar junto com as vítimas.
    Assim, as tv's acabam indo atrás disso.

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  3. Acredito que a charge do Caruso foi publicada em um momento sensível. O Brasil e o mundo especulavam os detalhes do acontecimento, lamentando e querendo justiça, seja de qual forma fosse. Por esse motivo ele foi tão criticado. Não tiro a razão do Noblat de defendê-lo e explicar o que de fato estava representado na charge (e concordo plenamente), porém ressalto que Caruso tenha se expressado na hora errada, da maneira errada.

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  4. Concordo plenamente com o comentário da Ana Paula Motta. A charge do Caruso foi publicada em um momento em que Santa Maria, uma cidade até então pacata, tentava superar/entender o trágico incêndio e o porque tantas pessoas faleceram como faleceram. E, naturalmente, a população se revoltou com a "falta de respeito" da publicação.
    Entendo que , atras dessa resposta procurada pela população, a imprensa tenha tentado buscar a verdade dos fatos; ajudar as autoridades na identificação das vítimas... enfim. A charge do Latuff representa ato falho, pelo menos ao meu ver, da imprensa na forma de cobrir este momento tão sensível, principalmente para a s famílias das vítimas. Creio que seja necessário repensar na forma de abordagem aos que sofrem, como neste caso da Boate Kiss. Mesmo que seja um momento oportuno para um desabafo, também é um momento de recolhimento. Seria válido repensar, debater, e aplicar novas formas de abordagem, assim respeitando o momento de dor de cada um.

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  5. Os chargistas queriam criticar a situação precária que a boate tinha e também o mau preparo dos jornalistas ao reportarem situações como essa. Porém, para as pessoas que realmente foram alvo da tragédia de Santa Maria, elas não tinham condições de pensar e muito menos de analisar a verdadeira crítica proposta pelos autores. Até mesmo eu, antes de ler o texto, senti uma certa insensibilidade nas charges, mas depois, pude compreender. E no último parágrafo, Sylvia Debossan transmite esta mesma idéia, na qual por mais que as críticas nas charges não tenham sido para atacar e ofender as pessoas, num acontecimento como esse, todo cuidado é pouco. "Os comentadores indignados do blog do Noblat podem estar completamente enganados, mas é impossível desconsiderar os protestos contra a falta de sensibilidade nesse momento particularmente dramático da vida nacional."

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  6. As charges às vezes passam despercebidas da leitura em geral, por muitas vezes, não serem compreendidas ou por abordarem assuntos que não são de interesse público. No entanto as duas charges nos fazem reviver e pensar a tragédia de Santa Maria.
    Acredito que quem não teve acesso à explicação de Noblat, realmente ficou com a impressão de critica a presidência da Republica e a forte imagem das mãos saindo da caixa fechada, retratando a forma com que os jovens foram mortos. Realmente divulgada em um momento infeliz.
    Já a charge do Latuff, mostra o despreparo da imprensa frente a tragédias, a busca incessante por imagens e depoimentos (audiência), falta de coerência para publicar ou levar pro ar imagens e questionamentos infelizes, o que acaba resultando em excessos como questionar “qual sentimento” quando a imagem é óbvia, alias "vale mais que mil palavras",expondo as vítimas e seus parentes nos momentos de sofrimento, isso ocorre sempre ao entrevistar pessoas que perderam tudo em enchentes, acidentes de carro e até mesmo ao entrevistar um esportista que perdeu o jogo perguntando a ele o que faltou para sair com a vitória.


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  7. A crítica à cobertura de tragédias é pertinente e o texto traça um paralelo interessante quanto o que é aceito ou não pelos padrões sociais. Ao mesmo tempo em que uma charge, aparentemente ácida, tem sua crítica social despercebida pelo público comum, este aceita a cobertura jornalística do drama escancarado, que muitas vezes não dá voz às verdadeiras vítimas.

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. Eu acredito que a cobertura da imprensa brasileira, quando se trata de tragédias como a de Santa Maria, não exalta ou instiga fortemente discussões que resultem em soluções para o ocorrido. A veia cultural fala mais alto e o que se sobressai é o apelo sentimental (em épocas de ativismo de rede social então... foi o que mais se viu).

    Quando uma tragédia desta magnitude acontece nos EUA, por exemplo, afetado mais recentemente com ataques em escolas, questões sociais, de segurança e saúde pública são os principais questionamentos da população, que a exemplo repensa atualmente sobre a validade da liberação da posse de armas de fogo. Nos dias que seguiram após o incêndio na Kiss, em Santa Maria, muito se falou sobre as condições das casas de shows por todo o Brasil. Mas passou. Hoje o que se fala ainda sobre o caso são de jovens que continuam internados e morrendo. Fala-se sobre a dor que as famílias ainda sentem. A pauta sobre segurança parece ter caído. Falta, em nossas coberturas, deixar o sentimentalismo um pouco de lado e o jornalismo tomar o poder que tem para conscientizar e mudar a história.

    Noblat tem todo respaldo de anos de trabalho dedicado ao jornalismo, o que não o habilita a estar certo sobre tudo. Descordo completamente do seu parecer sobre a charge de Caruso. Foi insensível e desnecessária. Posso estar enganado, mas não enxergo crítica em seus traços. Nem eu nem Noblat, que ressalta não ser um ataque ao governo. Se não é uma crítica, se é apenas uma representação do que todos os veículos estavam noticiando, o espaço não foi bem aproveitado e o momento não poderia ser mais inoportuno.

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  11. Infelizmente a charge foi publicada em um momento em um momento onde os acontecimentos não estavam sendo felizes. Pessoas morreram e o que seus entes queridos que aqui ficaram menos precisavam no momento era de uma “brincadeira” como esta para mostrar o sofrimento ou desespero das pessoas que ali dentro se encontravam. Noblat tentou se defender e dou razão para o mesmo, uma vez que a interpretação da charge vai de cada um. Porque as pessoas não reclamam quando outros programas usam estes acontecimentos para tentar ganhar mais ibope? Noblat tentou explicar seu trabalho e como sempre existe políticos de plantão ele foi mal interpretado.

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  12. Osvaldo Afonso - O artigo de Sylvia Debossan Moretzsohn começa com trecho inicial do livro "O ano do pensamentomágico" que fala de mudança brusca na vida da autora Joan Didiron após sofrer tragédia pessoal.Prossegue com a tragédia coletiva na boate em Santa Maria (RS) e seus desdobramentos na imprensa em geral. Quem sofreu perdas tão repentinamente descobre a sua impotência diante das coisas.
    Sobre a emoção mobilizadora nos fala do exercício da profissão de jornalista, de ética, da moral e competência nas coberturas jornalísticas. Sita o português Carlos Fino, que cobriu a invasão americana ao Iraque, em 2003, com sua indagação: "Como é que se transmite o horror da guerra? Esta é uma de nossas contradições, não é? e Brecht: "homem, olha bem nos olhos do outro homem e verás nele um irmão. As contradições que te consomem não são boas nem más, são a tua própria condição". Lembra o peso no momento de escolher o recorte a ser publicado e a inevitável exposição do sofrimento alheio nas tragédias. A charge do Caruso é um instantâneo do momento. Apareceu a Dilma pelo Cargo que ocupa, a impotência dela é a mesma de qualquer outro diante do fato consumado, a do Latuff é a de quem não tem muita imaginação e sai produzindo a torto e a direita.

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  13. JÉSSICA NEWMAN - O texto acima me fez refletir sobre duas questões, a charge de Caruso pode sim ter soado apenas como uma afronta a presidente Dilma e seu governo. Por outro lado, a questao sobre a banalização da cobertura da midia brasileira em tragedias como esta, transformando a tragedia em um espetaculo midiatico, com o principal objetivo de garantir uma audiencia relevante.

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  14. A cobertura da imprensa brasileira nesses casos de tragédia, normalmente não respeitam a dor dos familiares e amigos das vítimas. No caso da fatalidade na boate Kiss, em Santa Maria, porque não fazer reportagens investigativas sobre outras casas noturnas que funcionam na mesma situação pelo Brasil? Acredito que não é de interesse público saber quais eram os gostos das vítimas ou ver imagens de pessoas mortas amontoadas. Sobre a charge do Caruso, acho que ele foi infeliz em misturar politica e tragédia. Ficou parecendo uma crítica ao governo da Dilma, como se ela não tivesse o controle de nada. A culpa não é dela. Além disso, usar imagem das mãos saindo da caixa fechada, chega a ser cruel. Pensar no desespero de entes queridos tentando escapar da morte é deprimente.

    Ass: Camila Borges

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  15. A charge de Caruso foi mal interpretada, mas duvido que algum leitor tenha interpretado da maneira com a qual ele explicou, naquele momento. Foi uma tragédia, muitas vítimas, na maioria jovens.Todo o mundo ficou comovido com a situação. Já a charge de Latuff achei interessante a crítica dele, pois muitos veículos de comunicação ainda não sabem abordar assuntos como esse.

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  16. Ao analisarmos friamente a charge do Chico Caruso percebemos que aquela imagem foi somente uma constatação do ocorrido. Muitas pessoas não interpretaram desse jeito e por isso o criticaram , e acharam que foi falta de respeito com os que sofreram no dia do incêndio.Exemplo disso foi quando as pessoas que estavam fazendo vigília em memória dos falecidos na cidade Santa Maria/Rs, teriam chamado a policia para por fim em uma festa de formatura que acontecia na cidade.
    A 2ª charge nos mostra o sensacionalismo, jornalistas que muitas vezes são "obrigados" a fazerem esse tipo de pergunta para o programa para qual ele trabalha poder ganhar mais audiência na
    hora que tiver sendo exibido. Infelizmente sabemos que existem programas assim pessoas para assistirem.

    Ass: Felipe Rezende

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  17. A charge do Chico mostra corretamente o espanto das pessoas quando aconteceu a fatalidade, mas acho que ele foi infeliz em usar a Dilma como "espantada" com a situação. Claro que nao podemos isentar ninguem, mas a culpa na tragedia vai pra muita gente que sequer é lembrada pela imprensa hoje... Ninguem fala mais no assunto, nenhuma boate em BH que possui situacoes IGUAIS a boate Kiss em Santa Maria foi fechada pelo menos para reparos... Nada mudou! E a charge da imprensa com os parentes mostra o que de fato acontece infelizmente na sociedade atual. A midia preocupada em mostrar o sofrimento da familia ao inves de mostrar solucoes para que novas fatalidades como essa sejam evitadas e de apontar os erros dos estabelecimentos para que todas as outras boates do país passem por reparos.

    Ass. Arthur Henrique Costa

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  18. Tragédias como as de Santa Maria, morro do baú, entre outras que já aconteceram no Brasil, são, sem dúvida, uma válvula propulsora para alimentar a pieguice e a o falso senso de coletividade de parte da população brasileira.

    Para o caso especifico discutido aki prefiro me açambarcar em Norbert Wiener quando ele diz o quando: “é surpreendente que as grandes coletividades, expostas a influências perturbadoras, contenham muito menos informações acessíveis a todos do que as pequenas, para não dizer dos elementos humanos de que são feitas todas as comunidades”.

    É muito mais fácil tomar partido de uma causa, quando ela já aconteceu, e informações, nos são apresentadas já mastigadinhas, e ai, é só engolir. Não precisa pensar. Assim fica fácil tecer comentários, gritar por justiça no facebook, twitter, trocar a frase do MSN ou do skype, por “luto pelos irmãos de Santa Maria”, e na segunda-feira, ônibus lotado e já se esqueceu de tudo indo pro trabalho.

    Ass: Hudson Freitas

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  19. Acredito sim que se possa fazer um jornalismo claro, leve e que as pessoas queiram ver diante de uma tragédia, sem o exagero e o sensacionalismo além da conta. A TV, por exemplo, pode passar ao telespectador aquela emoção que se deve sentir pelas vítimas e familiares das vítimas de uma tragédia, como a de Santa Maria, sem chocar as pessoas. E deve fazer isso, é através da exposição de um fato que as pessoas se mobilizam para pedir justiça e evitar novos ocorridos.

    Uma charge é interpretada de formas diferentes por pessoas diferentes. Creio que cultura, escolaridade e vários outros fatores sociais interferem na forma de entender uma charge. Naquele momento, um dia após a tragédia de Santa Maria, não era bem um momento ideal para se publicar uma charge que envolvesse política, visto que tal assunto sempre gera polêmicas.

    Ao pensar em uma charge, o chargista deve imaginar as várias formas de interpretação da mesma. A resposta de Noblat em ralação as críticas que recebeu foi bastante equivocada, ele mostrou a interpretação que ele queria que as pessoas tivessem.

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  20. A Tragédia de Santa Maria, trouxe sim muitas especulações sobre os abusos de jornalistas querendo noticias, e não "aceitando" a dor daquelas pessoas. Mas por outro lado, para que outras pessoas soubessem do que estava acontecendo, esses mesmos repórteres que eram chamados de sem coração tinha que estar lá. Mas em momento algum perguntaram pra ele se esta sendo fácil de ver e presenciar tudo aquilo. Acho que sim, que algumas emissoras exageraram na sua cobertura, mas ela tinha esse prestigio para tal feito.

    Essa tragédia mobilizou a todos, pelo tamanho do ocorrido e numero de mortos e feridos, porque como sempre pensamos que isso nunca vai acontecer com a gente, ou mesmo proximo a nós (como no caso do Canecão Mineiros, numero de vitimas foi bem menor, mas o desespero creio que deve ter sido o mesmo) e sim ficamos assustados e saimos julgamento o que nos é mais conveniente.

    A respeito da Charge, a forma de entende-la é individual. Ela foi feita para cada um ter seu julgamento, ao Noblat pela forma de responder as criticas dessa forma mostrou que a opinião que importa é somente a dele. Deixando de saber o que os outros vão dizer.

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  21. Vivemos em uma época em que as pessoas vivem em um falso moralismo, em que críticas como a da primeira Charge são mal vistas. Mas que o comportamento da mídia em situações como as de Santa Maria, são consideradas normais, pelo simples fato de abordar a tragédia de maneira mais sentimentalista.
    Tal comportamento da mídia gera espaço para pseudo jornalistas como a apresentadora Ana Maria Braga, que entrevista vítimas e parentes das vítimas da tragédia em meio a xícaras de café e sucos de laranja.
    Meyre Ellen

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  22. O texto nos faz refletir e perceber de maneira crítica como se faz necessário um "segundo olhar" diante de notícias como a Santa Maria.
    É impossível não se envolver com notícias de tragédias como aconteceu em Santa Maria, e essa reação é genuinamente brasileira. E é bem neste momento de envolvimento que surge a charge do Caruso, chocando, talvez até revoltando num primeiro momento, mas nos fazendo refletir. Como disse Noblat, essa incredulidade está nas pessoas que politizam tudo. A figura da presidenta Dilma,representa que até mesmo onde há uma autoridade (com deveres e expectativas de atitude) existe o lado humano de não saber o que fazer diante de uma situação dessas.
    Já a charge do Latuff também nos propõe uma reflexão do modo de como exercer o jornalismo cotidianamente. Como filtrar as informações e como estabelecer os limites do direito ao luto das famílias. Além de é claro, alertar sobre os falsos, ou mal capacitados, interlocutores de notícias que colocam assunto como esse em pauta em programas sem contexto, ou seriedade, para o mesmo.

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  23. O que aconteceu em Santa Maria foi um fato lastimável. O fato que ocorreu no domingo pela manhã, um dia em que as TV’s abertas não contam com toda a equipe disponível para a cobertura destes tipos de casos, fez com que alguns programas de entretenimento como Domingo Espetacular, Esquenta, Programa do Gugu e Domingão do Faustão assumirem a postura de programas jornalísticos. Apesar de reclamar, estamos sempre procurando mais e mais, pois parece que sentimos a necessidade de sofrer junto com os vitimados. E as tv’s sentem e acabam correndo atrás disso.

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  24. É realmente uma pena que essas comoções populares sejam tão breves. A priori podemos justificar a charge e entende-la, claro. A questão é que para a grande maioria dos brasileiros é apenas mais um episódio que ganhou uma repercussão enorme, mas por apenas alguns dias, até vir a próxima tragédia. Todos os anos pessoas morrem em enchentes, violência urbana e a comoção é grande no momento e várias coberturas jornalísticas tornam-se impiedosas com as vítimas, mas no fim foi só mais um meio de conseguir audiência.

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