terça-feira, 10 de abril de 2012

Vale a pena investir na TV digital aberta interativa

 
Sua rede de grande capilaridade deve tornar-se um braço importante na disseminação dos conteúdos audiovisuais.

Por André Barbosa Filho - Telesíntese - 17.08.2010


É obvio que a internet e as redes sociais vieram para ficar. São conquistas das sociedades humanas, ávidas por se expressar, por participar, por se informar, por se educar e por se divertir. Novas formas de comunicação estão nascendo baseadas no ciberespaço, na integração de plataformas. Os modelos da radiodifusão analógica no formato centralizado, de um para todos, vão aos poucos se transformando com o evento da TV digital interativa, influenciada pela necessidade de responder a ânsia de interação dos indivíduos e grupos sociais.

Entretanto, cabem aí algumas reflexões:

A TV, em países desenvolvidos como Japão, Inglaterra, França, Itália, os escandinavos, Alemanha, Austrália e Estados Unidos tem um espaço significativo da atenção, seja em alguns casos, majoritariamente por assinatura, em outros em modelos abertos e gratuitos. A TV e o cinema são os grandes produtores de conteúdos audiovisuais da indústria cultural. Portanto, determinam padrões e hábitos de consumo.

A TV nos países em desenvolvimento é o meio de maior penetração domiciliar e apresenta-se no formato aberto e gratuito, cenário que coincide com a baixa oferta de infraestrutura de internet de alta velocidade. A TV digital interativa não existe em países que possuem redes de banda larga. Estes já utilizam a interatividade por outros meios. A TV digital nesses países reúne a oferta de modelos de programação onde imperam os conceitos de entretenimento e os espetáculos artísticos, as produções audiovisuais caras e com alto acabamento, as grandes coberturas jornalísticas. Tudo com alta definição e com toda tecnologia que puder somar-se a qualidade de imagem e de som de seus programas

A TV digital proposta pelo Brasil é interativa, quer proporcionar a bidirecionalidade, ou seja, incluir em seu modelo, o canal de retorno para introduzir a possibilidade de interação entre produtores e o público. Estão sendo criados modelos para a publicidade comercial, para compras e acessos bancários, e, especialmente, na oferta de serviços públicos como a marcação de consultas no SUS, pagamento e acompanhamento de impostos, educação à distância em todos níveis e diversos objetivos de formação e capacitação, em apoio a produção cultural audiovisual, nacional, regional e local e ao desenvolvimento da cidadania plena.

A convergência da TV digital com as plataformas IPs vai ser necessária entre outras necessidades para baratear os custos de transmissão de conteúdos locais, para propiciar o intra-fluxo de programação, para utilização como canal de retorno. As TVs por IP vão acontecer socialmente na medida em que a oferta de banda larga, rápida, barata e universal for uma realidade nestes países sem desenvolvimento que somam 4,5 bilhões de pessoas. Mas vão tornar-se hegemônicas quanto à exibição de produções sofisticadas e que respondam a grandes investimentos de produção? Vão poder, a curto prazo, transmitir simultaneamente os sinais em alta definição relativos aos grandes eventos que envolvem bilhões de pessoas como a Copa do Mundo e as Olimpíadas? A lógica industrial deve continuar a ordenar a exibição em mídias seletivas, que atendam o deleite da percepção sensorial humana e garantam a remuneração dos investimentos, numa cadeia que tem como ponto terminal a mídia massiva. E neste contexto estão as salas de cinema a TV a Cabo e a TV Digital Aberta em Alta Definição.

A internet e as redes sociais já são responsáveis pelo aparecimento de miríades de novos produtores e de conteúdos que rapidamente vêm se tornando hits globais. Entretanto, dizer que os trash movies, as produções de garagem, as manifestações individuais por mais espaço que ocupem da atenção do público em geral, vão impor à indústria de conteúdos seus modelos, é um pouco temerário. O que podemos e devemos propor é um ambiente público onde as manifestações do individuo ou de coletivos sejam livres para florescer. Seja através dos espaços em redes sociais, blogs, sites, dos celulares e handsets, mas, igualmente, disputar espaço nas telas maiores, onde os investimentos são mais robustos. Aí, se soma a cobertura em nossos países em desenvolvimento da TV aberta.

A TV digital pública interativa deve respeitar suas características de veículos de radiodifusão. Ela não é IP. É transmitida pelo ar. E isto não a faz velha ou ultrapassada. Ao contrário. Sua rede de grande capilaridade deve tornar-se um braço importante na disseminação dos conteúdos audiovisuais produzidos por agentes nacionais e, de preferência, com temáticas ligadas a nossa identidade cultural. E, portanto, soma-se ao esforço do avanço do PNBL na construção de uma economia da cultura e de uma industrial de conteúdos pujante e com grande aceitação popular. Entretanto, a rede de banda larga, com seus backbones, backhalls e as tecnologias que permitem o acesso final tem características de tráfego de dados e conteúdos audiovisuais diferentes das redes de radiodifusão. Estas não podem prescindir do projeto de retransmissão de sinais nacionais simultâneos por entes afiliados que, por sua vez, devem ser alimentadas regionalmente ou localmente. Assim, podemos afirmar que o mesmo objetivo de propiciar a participação a todos que os querem se comunicar livremente está contemplado, mesmo que através de modelos diversos de transmissão e recepção que evidentemente não se excluem entre si, mas se somam, por sua complementaridade.

Finalmente, todos sabem, o Estado induz as políticas. Estas devem corresponder aos anseios da sociedade. Banda Larga é um desejo legítimo. Vamos, portanto, apoiar as iniciativas nesse sentido. Mas não nos esqueçamos que o único meio de acesso que permite o acesso à informação sem custos diretos para as audiências ainda é a TV aberta e gratuita. Nenhum mais. Vale a pena investir dinheiro público neste projeto? Temos certeza que sim.

Prezadas e Prezados, gostaria de ler a opinião de vocês. É um artigo de 2010. Continua atual? E o que isso impacta no trabalho profissional do audiovisual?

13 comentários:

  1. Como discutimos anteriormente, se pensarmos na TV Digital e interativa, como inclusão social, é funcional ao ponto que as pessoas terão a possibilidade na discussão e acompanhamento em todas as mídias de acesso.

    Mas se pensarmos na questão econômica, esbarramos com equipamentos de valor aquisitivo elevado, que não alcançam toda a população.

    Quanto à produção independente e outras manifestações disponibilizadas na rede, é uma vertente mais aceitável, e de inclusão com maior peso nas mídias, não que o conceito global se altere e que as grandes indústrias pensem em produções voltadas a estes grupos, mas é realmente onde essa interatividade acontece, entre emissor e receptor, nas redes sociais isso sim, acontece à resposta é imediata e sem mediadores.

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  2. Sim vale a pena investir na tv digital aberta. A internet estão ai nos celulares, tablets e etc. A TV a Cabo estão ai para todos hoje em dia, as mídias digitais também, na Copa do mundo a banda larga deverá ter para todos, isso que governo vem falando que vai funcionar com 3G também, vamos ver. Estaremos na espera.

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  3. Não acredito muito na interatividade da TV digital no Brasil, pelo menos por hora. A parcela da população que tem TV é muito menor do que aqueles que têm banda larga, e a interatividade se dá com a comunicação com a emissora.
    A interatividade na TV Digital brasileira depende dos esforços do governo e das emissoras e atualmente a Internet TV supre o papel da interatividade.
    A TV precisa de um cuidado maior por ter mais visibilidade. Para agregar portais, redes sociais, etc, é necessário entender a forma de consumo. A TV tem muitos canais e pouca diversidade de programação, e não adianta ter muitos canais sem conteúdo.
    Falta ainda a massificação dos dispositivos para a tecnologia e inovação no formato de fazer televisão. Devem-se aceitar as novas tecnologias como um aliado à conquista de novos telespectadores.
    O trabalho profissional do audiovisual tem pela frente o desafio de acompanhar o crescimento das novas tecnologias digitais. Num momento em que a sociedade de informação atravessa uma profunda fase de transformações, cabe às pessoas envolvidas aproveitarem todos os meios para conseguir acompanhar este desenvolvimento.

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  4. Se dúvidas que o processo de alta definição tem um alto custo financeiro e que nem todos os veículos estão em condições a um curto ou médio prazo. E a população, essa necessita de um tempo maior para se adaptar na aquisição de novos aparelhos. Em vez de o Estado determinar uma data, vejo que dar condições para essas mudanças acontecerem, seria a melhor forma de dar continuidade a um caminho que não tem mais volta. Nesse sentido, o texto está atualíssimo. Quando a nação dita às regras também deve contribuir com a parte financeira, com incentivos tecnológicos. Não apenas cobrar, mas dar o exemplo de como fazer. Hoje todos olham para as classes sociais de menor renda, pois são grandes consumidores. Investir na televisão aberta em alta definição é investir em uma grande massa com poder aquisitivo promissor, graças ao andamento da economia nacional. O impacto já acontece, mas o acesso à tecnologia gratuita não vem de graça, devido aos altos impostos pagos a cada produto adquirido. Não é um ato de bondade e sim, repassar para a população o que lhe é justo. Ter acesso à informação de qualidade é um direito de todos e um dever do Estado.

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  5. Certo que, de lá pra cá, pouca coisa mudou. Houve inúmeras discussões sobre o assunto, e pouca coisa foi resolvida. Nossa realidade de TV Digital Interativa hoje é um benefício para poucos. Preços muito alto e inacessíveis à grande maioria da população brasileira, como toda nova tecnologia que chega ao país. Cabe ao governo investir no subsídio dessa tecnologia, se o interesse for realmente dar acesso à uma parcela maior da população.

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  6. Infelizmente a TV Digital Interativa, não é um beneficio para todos. Cabe verificarmos, como o acesso que deveria ser para todos vai privilegiar só alguns. Vejamos aí, principalmente o preço, se para alguns a TV Led, já é caro imagine então uma que vai interagir com a pessoa. A alta definição é ainda uma realidade muito longínqua para muitos. Os impostos que com certeza serão cobrados encimam do produto será repassado para seus consumidores. O governo quer dar acesso de qualidade à população e é um direito de todos, mas como será repassado esse ato. A internet hoje consegue interagir muito bem com aqueles que ficam horas na sua frente, mesmo sem fazer nada. E com certeza muita gente ainda vai preferir a internet, mesmo a maioria não tendo a banda larga, do que interagir coma TV Digital. Na minha opinião vale a pena investir na TV Digital, desde que a população seja educados para utiliza-las.

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  7. O tema ainda continua atual sim. Muita coisa mudou de lá pra cá mudou. Novas tecnologias surgiram. Estamos ciente de que a TV Digital tem seus custos financeiros e, se pensarmos que toda a população brasileira terá acesso a ela vale a pena investir. As produções audiovisuais terão que acompanhar paralelamente o crescimento tecnológico, para não ficarem para trás, sendoesse veículo uma das vertentes usadas expandir os produtos. A banda-larga tem que ser prioridade no país, pois a partir dela facilitará o acesso a TV Digital, estimulando assim, as produção audiovisuais de melhor qualidade. Assim, a população terá uma educação digna através das produções audiovisuais.

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  8. O texto continua atual,pois discute um assunto que ainda irá render muitas discurssões, que é a TV digital pública interativa. com o desenvolvimento das tecnologias digitais a interatividade se tornou muito importante, pois o usuario deixa de ser passivo e começaa interagir com o conteúdo vinculado. as tvs digitais se implantadas corretamento no brasil seria uma excelente meio de divulgação de conteúdos,com uma programação variada e interativa, porém ainda não temos a infra estrutura necessária.

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  9. Mesmo se tratando de um texto de 2010, é sim atual, pois é sobre um assunto que vem a tona a todo o momento, principalmente porque ainda nos tempos de hoje não está acessível para todas as classes sociais.

    Então, devemos esperar dos mais poderosos recursos para que esse possa se expandir, e fazer com que atinja um numero cada vez maior de usuário da TV digital, para que assim eles possam gozar das produções audiovisuais, e se fazer emissor e receptor das redes sociais.

    de Gisele Sena

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  10. O texto continua sim bastante atual, e acho que devemos sim investir na tv digital, o avanço nos aparelhos celulares, tablets, internet crescem muito rapido. nao sei se ja para a copa do mundo estara acessivel para todos, mas futuramente tenho plena convicçao que sim. Me lembro de uma historia em que um homem ficou 10 anos em coma, e quando acordou foi-lhe perguntado o que mais havia mudado em sua concepçao, e ele respodeu q era o elevado numero de aparelhos celulares nas ruas, com as pessoas, Cois de 10 anos o celular era so pra alta sociedade e passou a ser super popular. Penso que essa mesmo historia pode se repetir com a tv digital, com tablets e celuares.

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  11. A Banda Larga, a TV a cabo e aparelhos com 3g infelismente ainda não são uma realidade total no Brasil e isso serve também para TV Digital Interativa. Acredito que como todos os aspectos citados acima seja uma otima idéia, porém algo a de ser feito, quando pensamos em "novidades" não podemos limita-las há alguns.

    Pensando no fazer, o trabalho audiovisual continuará tendo seu valor e com a interatividade se de fato disponível, será muito mais interssante.

    O texto realmente continua atual 2 anos se passaram e o assunto pouco evolui e além do mais, fazer acontecer é bem mais complexo, pensando na realidade da população brasileira.

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  12. tatiane kely ribeiro29 de junho de 2012 às 15:16

    Sim, o tema continua atual, entretanto, no Brasil essa interatividade e bidirecionalidade digital ainda não é tão presente. A TV digital aberta interativa vai fazer com que os produtores de conteúdo do audiovisual "caprichem" nas produções para atrair o público a interagir e agregar valor àquele conteúdo.

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  13. Eu aposto muito nesta proposta. Além de democratizar e avançar na cobertura do espectro nacional, tende a qualificar a programação aberta, que hoje passou dos limites da decadência e aproxima-se do abismo da lavagem cerebral.

    Porém pensar em TV digital, TV aberta e afins sem uma lei de regulamentação das comunicação é o mesmo que acreditar em coelhinho da páscoa. A televisão brasileira está nas maos de gente como a familia marinho, Collor, ASM, Sarney, Jader e Calheiros, representantes do que há de mais atrasado neste pais.Para este grupo a TV atual vai bem, muito obrigado. E são eles que estão a frente dos debates da tv do futuro.

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